Oi, gente! Que saudade de escrever por aqui!
Hoje vim compartilhar com vocês a minha primeira experiência cobrindo o ATL – Acampamento Terra Livre – junto de um amigo muito especial, também jovem comunicador. O ATL é a maior assembleia dos povos e organizações indígenas do Brasil, e acontece aqui na minha cidade, Brasília – Distrito Federal.

Olá, leitores! Que alegria escrever pela primeira vez para a AJN (Agência Jovem de Notícias), especialmente sobre uma experiência tão enriquecedora.
Me chamo Andrey Nascimento, sou jovem ativista pelos direitos humanos, em especial de crianças, adolescentes e juventudes. Tenho 20 anos, curso Geografia e sou comunicador da Rede Nacional de Adolescentes e Jovens Comunicadores (RENAJOC), junto com a Duda. Cobrir o ATL foi uma experiência incrível, ainda mais considerando que essa não era uma pauta que eu acompanhava de perto. Estive presente em alguns dias do acampamento, participei de atividades e fizemos uma cobertura educomunicativa que queremos compartilhar com vocês.
Aprendizados que transformam
Primeiramente, queremos agradecer à AJN por nos proporcionar mais um espaço de aprendizado – e dessa vez, bem mão na massa mesmo!
Eu, Duda, também não tinha muita proximidade com a pauta indígena, embora sempre tenha tido vontade de aprender mais sobre questões ambientais, que são profundamente conectadas. Fui cobrir o acampamento como uma observadora curiosa e me vi mergulhada num rio de aprendizados, contextos e realidades diferentes da minha.

Estive presente em dois dos cinco dias do encontro e fazia tempo que eu não saía da minha “zona de conforto” de conhecimentos. O gostinho que ficou foi: meu Deus, eu preciso entender mais sobre isso! Transição energética justa, consequências climáticas, territórios indígenas… foi um universo que se abriu.
Fomos com o olhar atento e o coração aberto, dispostos a entender vivências que não fazem parte do nosso cotidiano. Mesmo “de fora”, nos sentimos tocados por histórias, sentimentos e lutas profundas. O que vimos foram relatos muito fortes sobre um povo que é constantemente ignorado, violentado e negligenciado. Povos que lutam pelo básico – saúde, território, existência – e que muitas vezes não são ouvidos nem pelo Estado, nem pela população.
Plenárias que impactam
Na plenária “20 anos da APIB: desafios atuais e novas estratégias de luta”, conhecemos melhor a história da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil. Criada em 2005 no próprio ATL, a APIB surgiu para ser uma referência nacional na luta dos povos indígenas. Desde então, articula forças e promove o maior encontro indígena do país. Em 2025, o tema foi “APIB somos todos nós: em defesa da Constituição e da Vida”, com plenárias, rodas de conversa, apresentações culturais e incidências políticas.
Também acompanhamos a plenária “A resposta somos nós: Povos Indígenas rumo à COP30”, que marcou o lançamento da Comissão Internacional Indígena para a COP30. Lideranças nacionais e internacionais destacaram a urgência de ocupar esse espaço.
Dinamam Tuxá, coordenador executivo da APIB, desabafou:
“Nós pedimos a extinção do conselho de consolidação. Não podemos sediar uma COP enquanto os povos indígenas estão morrendo.”
Indu Omari, representante do Fórum Permanente da ONU para Assuntos Indígenas, reforçou que não há política pública sem orçamento:
“Não podemos seguir com esse objetivo se não houver recursos para demarcação de terras, saúde e educação indígenas.”

“Povo sem memória é um povo sem cultura”
Essa frase ecoou em mim (Duda) durante os debates sobre a ditadura militar e suas violências contra os povos indígenas. Precisamos lembrar: a história pode ser esquecida, manipulada. E quando esquecemos, permitimos que tragédias se repitam. É urgente estudar, checar fontes, revisitar a memória coletiva para não nos perdermos enquanto humanidade.
As crianças também têm voz

No ATL, havia uma tenda chamada CAFI Parentinho, criada para acolher as crianças enquanto seus pais participavam das atividades. Além de brincar, elas também se organizaram e escreveram um manifesto poderoso, lido por Yara Santos (9 anos) e Luana Katariru (8 anos).
O texto emocionou a todos. Ele dizia:
“Sempre falam que somos o futuro, mas somos o presente e o agora!
Os ancestrais nos ensinaram a ouvir a natureza, e agora pedimos que os outros adultos nos ouçam.
Estamos ouvindo o som do mundo de vocês desmoronando. E vocês conseguem ouvir? Escutem o nosso chamado: somos parte da solução.”
O manifesto foi entregue simbolicamente à ministra Marina Silva e à ministra Sônia Guajajara, que se emocionaram e afirmaram o compromisso de dar ouvidos às vozes das crianças.
Confira o manifesto completo: Manifesto CAFI Parentinho

Muito além da política: cultura e resistência
O ATL também é espaço de celebração e cultura viva. Roupas, colares, pinturas, música, danças, realidade virtual, rodas de conversa. É um encontro que pulsa ancestralidade, resistência e criatividade. Uma verdadeira aula viva sobre os povos originários.
Participar do ATL como jovens comunicadores foi uma descoberta atrás da outra. Conhecemos as múltiplas culturas indígenas, refletimos sobre a crise climática e a urgência de justiça ambiental.
As mudanças climáticas estão aqui. Já vemos cidades alagadas, calor extremo, poluição, doenças, escassez de água. Mas as consequências mais graves sempre recaem sobre os mais vulneráveis. E ainda assim, muitas pessoas continuam alheias a tudo isso.
Que futuro teremos – se é que teremos?
Esperamos que este relato inspire você a refletir sobre o clima, a pauta indígena e a responsabilidade coletiva que temos com o planeta e com as próximas gerações.
Convidamos você, leitor, a se aprofundar nessa temática. Juntos, podemos lutar por um futuro com ar puro, água limpa e uma terra onde todas as vidas possam florescer.