Ministério das Comunicações: 57 anos em uma jornada pela conectividade

Por Helena Serpa
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Nesse texto, vamos discutir a importância crucial do Ministério das Comunicações em impulsionar a conectividade e a inclusão digital ao longo de seus 57 anos de história, conhecendo mais sobre como esta instituição tem sido fundamental na regulação e desenvolvimento dos setores de telecomunicações, radiodifusão e internet, moldando o cenário das comunicações no Brasil.

Desde sua criação em 1967, durante o governo militar, até sua recriação em 2020, o Ministério das Comunicações desempenha um papel essencial na evolução das comunicações no Brasil. Durante décadas, foi responsável por regular e promover o desenvolvimento dos setores de telecomunicações, radiodifusão e serviços postais, adaptando-se às mudanças tecnológicas e às demandas da sociedade ao longo do tempo. 

Como funcionam as concessões de rádio e tv?

No Brasil, as concessões de TV e rádio são regulamentadas pela Constituição de 1988. Ela estabelece que os sinais de rádio e TV aberta são utilizados diretamente pelo governo ou concedidos às emissoras privadas por meio de licitações. Isso significa que as empresas que possuem uma concessão não são donas do sinal, apenas o utilizam temporariamente.

Para obter uma concessão, as emissoras devem seguir uma série de regras do Código Brasileiro de Telecomunicações. Por exemplo, elas não podem ter mais de 30% de capital estrangeiro e devem promover valores como democracia, respeito às minorias e liberdade religiosa. Além disso, todas as empresas têm o direito de solicitar a renovação das concessões, que podem ser renovadas várias vezes.

No entanto, o governo pode suspender ou cancelar uma concessão se a emissora não obedecer às leis estabelecidas. Existem várias infrações que podem levar à cassação da licença, como desobediência às leis, divulgação de segredos de Estado ou promoção de discursos de ódio. 

O processo de concessão é conduzido pelo Ministério das Comunicações e envolve análise de documentação, de portarias e licenciamento junto à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).

Processo de Outorga de transmissão de TV ou Rádio no Brasil:

  • Categorias de outorga:
    • Comercial
    • Não comercial
  • Prazo de validade:
    • TV: 15 anos
    • Rádio: 10 anos
  • Renovação:
    • Solicitada um ano antes do vencimento
  • Tipos de autorização na categoria não comercial:
    • Rádios comunitárias
    • Rádios educativas
    • TVs educativas
  • Processo de autorização:
    • Envio de proposta ao Ministério das Comunicações
    • Avaliação da proposta
    • Emissão de Portaria de autorização
    • Aprovação pelo Congresso Nacional (para rádios comunitárias)
  • Rádios comunitárias:
    • Necessidade de licença da Anatel para operar no município
  • Para União, Estados e Municípios:
    • Solicitação direta de consignação de canal ao Ministério das Comunicações
    • Necessidade de licença da Anatel
  • Processo para comerciais:
    • Licitação
    • Pagamento de outorga (parcelável)

Período inicial do Mcom

Durante seu período inicial, o ministério teve que enfrentar desafios significativos, como a expansão da infraestrutura de telecomunicações em um país de dimensões continentais e a transição para sistemas mais avançados de radiodifusão.

 Ao longo dos anos, desempenhou um papel fundamental na modernização das comunicações no Brasil, promovendo o o à informação e conectando pessoas em todo o país. 

No entanto, em 2016, como parte de uma reforma ministerial, o ministério foi incorporado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, perdendo sua autonomia. Essa mudança marcou um ponto de inflexão na história das comunicações brasileiras, levando a um período de reestruturação e reflexão sobre o papel do governo na promoção da conectividade.

Recriação após hiato: um retorno necessário

Após um hiato de quatro anos, o Ministério das Comunicações foi recriado em 2020, refletindo a importância crescente das comunicações em um mundo cada vez mais digitalizado. Essa reestruturação permitiu uma abordagem renovada para enfrentar os desafios contemporâneos, especialmente diante da pandemia da Covid-19, destacando a relevância contínua do ministério na vida dos brasileiros.

Com a crescente dependência da sociedade em tecnologias de comunicação e a necessidade de garantir o o equitativo a esses recursos, a recriação do ministério foi recebida com otimismo por muitos. Além disso, trouxe uma oportunidade para repensar as políticas e estratégias necessárias para promover a inclusão digital e impulsionar o desenvolvimento do país. 

Com um novo impulso e uma visão renovada, o Ministério das Comunicações estava pronto para enfrentar os desafios do século XXI e liderar o Brasil rumo a um futuro digital mais promissor.

Mas afinal, o que o Ministério das Comunicações faz?

Foto: Marcello Casal Jr/ Agência Brasil

O Ministério das Comunicações é responsável por uma variedade de serviços essenciais que impactam diretamente a vida dos cidadãos brasileiros. Desde a regulação das telecomunicações até a gestão dos serviços postais, seu trabalho visa garantir que todos tenham o a comunicações confiáveis e oportunidades oferecidas pela tecnologia digital. 

Ao longo do tempo, à medida que a importância das Comunicações para o país se tornou mais evidente, houve uma evolução nas especificações das atribuições do Ministério. Enquanto o decreto de 1967 era relativamente vago nesse aspecto, o decreto 980 de 2020 estabeleceu um conjunto mais abrangente de funções e obrigações para o Ministério das Comunicações. 

Conforme o Artigo 26-C deste decreto, as responsabilidades do Ministério das Comunicações incluem:

  • Política Nacional de Telecomunicações: Estabelecimento de diretrizes, portarias e coordenação de ações relacionadas às telecomunicações em colaboração com estados, municípios e empresas privadas.
  • Política Nacional de Radiodifusão: Definição de normas e diretrizes para o sistema de rádio.
  • Serviços Postais, Telecomunicações e Radiodifusão: Supervisão da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, emissoras públicas e privadas, e outras empresas de comunicação.
  • Política de Comunicação e Divulgação do Governo Federal: Coordenação da divulgação de informações governamentais.
  • Relacionamento com a Imprensa: Gestão da imagem do governo perante a mídia, organização de coletivas e publicação de matérias.
  • Convocação de Redes Obrigatórias de Rádio e Televisão: Coordenação dos pronunciamentos presidenciais em todas as emissoras.
  • Pesquisa de Opinião Pública e Sistema Brasileiro de Televisão Pública: Avaliação da qualidade dos serviços de comunicação e regulação das concessões de TV aberta.
Foto: José Cruz/Agência Brasil

Agências/Empresas Públicas vinculadas ao Ministério

  • Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL): Regulação do setor de telecomunicações, garantindo padrões de qualidade e atendendo às demandas dos usuários.
  • Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos: Prestação de serviços postais em todo o país, com destaque para o SEDEX e gestão do fundo de previdência POSTALIS.
  • Telecomunicações Brasileiras S.A. (TELEBRÁS): Implementação de políticas de comunicações, inclusão digital e desenvolvimento das telecomunicações, incluindo a gestão do SGDC e da rede de fibra óptica.
  • Empresa Brasileira de Comunicações (EBC): Operação de emissoras de TV (como a TV Brasil) e rádios públicas, produção de conteúdo educativo e cultural, e divulgação de informações governamentais.

Qual a importância do Mcom para o Brasil?

O Ministério das Comunicações desempenha um papel crucial na construção de uma sociedade mais conectada e inclusiva. Ao promover a equidade digital e facilitar o o à tecnologia, contribui para o desenvolvimento social e econômico do Brasil. 

Além disso, sua atuação permite que os brasileiros desfrutem dos benefícios da comunicação global, conectando pessoas, comunidades e oportunidades em todo o país. Ao garantir o o universal aos serviços de comunicação, o ministério ajuda a reduzir as desigualdades e a promover a participação cívica e econômica de todos os cidadãos. 

Num contexto de crescente interconexão global, o Ministério das Comunicações assume uma relevância ímpar, à medida que guia iniciativas voltadas à construção de uma sociedade digital inclusiva e apta a enfrentar os desafios contemporâneos do século XXI.

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