A região de São Miguel Paulista recebeu, no último dia 7, um “Abraço Cultural”. Este foi o nome dado ao sarau realizado por adolescentes e jovens do bairro para convidar a comunidade a refletir sobre o racismo, a violência contra jovens negros e as formas de enfrentá-la.
Música, teatro, grafitti, mídias artesanais, dança. Tudo isso foi colocado na roda para que a comunidade pudesse discutir a diversidade racial de forma interativa, criativa e propositiva.
O evento foi organizado por jovens que vivenciaram um processo de formação do projeto Juventude Educomunicativa, promovido pela Viração, com apoio da Coordenação de Juventude da cidade São Paulo, no contexto do Plano Juventude Viva. O projeto contou com a parceria da Fundação Tide Setúbal. Os jovens organizaram varias atrações artísticas temática, que pretendeu valorizar a cultura negra
Conversando a gente se entende
Uma das atrações do Abraço foi a roda de conversa sobre como é ser jovem negro na cidade de São Paulo. Durante o bate-papo vieram à tona números estarrecedores sobre os homicídios de jovens negros no Estado. Dados do mapa da Violência 2014 mostra que os homicídios são hoje a principal causa de morte de jovens de 15 a 29 anos no Brasil e atingem, especialmente, jovens negros do sexo masculino, moradores das periferias e áreas metropolitanas dos centros urbanos. Em 2012, o índice de homicídios de jovens em São Paulo subiu quase 15%. E quando se faz o recorte racial a situação fica ainda mais preocupante, porque se revela uma seletividade social na dinâmica da violência. No estado, enquanto a taxa de homicídios de jovens brancos é de 19,5%, a de adolescentes e jovens negros é de quase 43%
O debate também procurou lembrar a resistência do povo negro à escravidão, refletir sobre a inserção do negro na sociedade brasileira e a PL 4471, que prevê o fim dos autos de resistência. O PL, de autoria do deputado federal Paulo Teixeira, propõe alteração no Código de Processo Penal para que seja possível a investigação das mortes e lesões corporais cometidas por policiai no exercício de sua atividade profissional. O papel da escola em pautar temas como racismo, o papel da mídia, e a importância de espaços culturais e públicos como Abraço Cultural, também esteve na pauta da conversa.